terça-feira, 29 de junho de 2010

Camocim, lembranças e sonhos

JANGADEIRO

Ainda bem de madrugada
Ao despertar da alvorada
Do raio de sol primeiro
Desperta junto com o mar
E sai feliz a cantar
O intrépido jangadeiro

A jangada n’água lança
E cheio de esperança
Se vai para o alto-mar
A Deus lhe entrega a sorte
Para livrá-lo da morte
Reza pra Iemanjá.

Nos dias de pesca boa
De peixes enche a canoa
E o coração de alegria
Quando em terra chegar
Vai logo querer matar
A saudade de Maria.

Mas dias tem que o mar
Nada lhe deixa tirar
Pro infeliz canoeiro
Que mesmo assim não desiste
Com ânimo forte persiste o indômito aventureiro.

E sua mulher lá na praia
Com vento a bater à saia
Olha pro mar ansiosa
Mas logo o seu olhar
Volta tristonho a ficar
Pois não viu a –Graciosa-

E as jangadas ligeiras
Tal qual graças faceiras
Aportam com alarido
E a mulher desolada
Triste, muda, calada
Pois não vê a do marido.

Mais eis que então a jangada
Com sua vela enfunada
De belo porte altaneiro
Aporta com emoção
Aliviando o coração
Da mulher do jangadeiro.


Inácio Santos
In Literário – Outubro 2002.

Nenhum comentário: